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REFORMA DA PREVIDÊNCIA PODE FICAR PARA 2019

A denúncia do procurador-geral da República (PGR), Rodrigo Janot, contra o presidente da República, Michel Temer, deve, a partir de agora, concentrar as atenções e o foco do Congresso. Com isso, a agenda das reformas, sobretudo a da Previdência, deve ficar para 2019, avaliam economistas e cientistas políticos.

Alguns analistas acreditam que Temer tem condições de conseguir os votos necessários na Câmara para barrar as denúncias de Janot. O custo, porém, será uma paralisia do governo para tocar outras agendas que não a própria sobrevivência do peemedebista.

— A cada pedido que Temer faz à base aliada para se segurar no cargo, há um enfraquecimento de seu capital político. Não acho que tenha mais reforma na mesa. O foco agora é ele se segurar no cargo — afirmou o diretor de pesquisa macroeconômica para América Latina da Oxford Economics, Marcos Casarin.

Um teste importante para ver se o governo ainda tem fôlego para andar com as reformas e para saber como está o relacionamento do Planalto com a base aliada após as denúncias de Janot deve ser a votação do texto das mudanças nas regras trabalhistas, prevista para esta quarta-feira (28), na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ).

— Precisa de um sinal mínimo de aprovação — avaliou o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale.

Mesmo com o andamento do texto da reforma trabalhista, os economistas mostram menos otimismo para a Previdência.

— A Previdência já estava adiada e adiada continua. Por enquanto, a reforma fica em suspenso, pelo menos até a votação da denúncia — disse a economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara.

Para o cientista político da Hold Assessoria Legislativa, André Pereira César, o mais provável é que o texto fique para 2019.

— O governo Temer tem pouca margem de manobra — disse ele, destacando que, após as denúncias de Janot, o custo para manter a base de apoio de Temer aumentou.

Sérgio Vale também vê chances de a reforma ficar para 2019.

— O governo está postergando a morte da Previdência e jogando para frente algo que talvez não dê para fazer este ano — disse o economista.

Mesmo uma reforma da Previdência mais esvaziada, que contemple apenas a idade mínima para a aposentadoria, vai ser difícil passar neste clima, avalia a economista Monica de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics, com sede em Washington.

— Não tem ambiente algum para discussão de qualquer tipo de reforma — disse ela, ressaltando que o foco agora dos parlamentares serão as denúncias contra o peemedebista.

Para a economista, há o risco de o governo Temer entrar em um estado de total paralisia, focado apenas em sua sobrevivência, deixando assim a agenda de reformas para o próximo presidente.

Para o cientista político e consultor associado da 4E, Humberto Dantas, é "extremamente improvável, quase uma utopia", a aprovação da reforma da Previdência até 2018.

— A reforma já não é a que o governo queria anteriormente e agora passou a ser extremamente improvável, quase uma utopia — disse Dantas.

 

Por: Estadão Conteúdo
27/06/2017 - 16h22min | Atualizada em 27/06/2017 - 18h22min